terça-feira, 28 de agosto de 2012

A monarquia das Rosas- Capitulo 2- Parte 3


A cafeteria da Rua 78.

 Há quase quatro décadas a cidade fora presenteada com a chegada das indústrias. A revolução industrial trouxe para Santa Ana, fundada há meio século, os cafeicultores. Até então a cafeicultura foi uma das principal fontes de renda e industrialização de todo o Condado, cerca de vinte por cento do que era produzido no país vinha de nossas lavouras.

 Quando em 1870 a família portuguesa Guilhermo chegou à cidade, a Rua 78 ainda estava sendo construída, seria uma das principais ruas e também agregaria todo o comercio da cidade em comemoração a agregação de Santa Ana ao estado da Califórnia.
 Os donos de grandes dotes logo se aprumaram para comprar terras e construir de pronto suas lojas. Eram lojas de roupas, perfumarias, hotelarias, bares e até mesmo barbearias. Jovens não eram bem quistos por estas bandas. Para os veteranos: todo e qualquer jovem deveria estar em universidades, faculdades por outros cantos do país, e só retornariam já doutores, senhores de terras ou com algum tipo de mestrado.
 Um dos Guilhermos, o senhor Tonico Boa Praça, decidiu então criar um local onde só os jovens pudessem desfrutar. Um lugar para se discutir ideais revolucionarias como os de antigamente; embora o tempo de repreção por parte do governo já havia se esvaído por aquelas épocas, portanto, nada havia de temer. Criou-se então a primeira Cafeteria da cidade e em 1878 foi inaugurada a famosa rua, que fora batizada de 78 justamente por conta da data de sua inauguração: 07/08/1878.
 A cafeteria já estava instalada, existiam poucas naquela época, hoje já existe um numero bem maior, principalmente na America latina. Pois assim foi feito, dali para os tempos em que relato meus devaneios, a cafeteria já estava famosa, só as frequentavam os jovens de famílias médias e ricas, e era o principal ponto de encontro da boa idade.
 Um dos prisioneiros de guerra, o Sr. Frederico Sanches, mexicano nativo e oprimido pela guerra de 1848, refugiou-se com sua família para Orange, e aqui achou a oportunidade perfeita de emprego, trabalhou para a família Guilhermo desde a inauguração da cafeteria, e logo após a morte de Boa Praça, herdou o estabelecimento.
 Hoje há mestiços e nativos debatendo e unindo ideias revolucionarias como fora previsto pelos antigos donos do local. Lá conheci Diego Candido, um mexicano de família americana, enquanto ele ainda concluía o ultimo período da faculdade de direito junto aos meus outros amigos. Eu já havia desistido da carreira judiciária e ingressado na imprensa. Candido fora um bom amigo, azarávamos as garotas juntos e debatíamos ideias políticas futuras, chegamos até mesmo a pensar em um novo sistema de ordem mundial!
 Era engraçado nossas ideias malucas, mas o que mais admirava neste meu velho amigo, era seu espírito visionário. Ele não só tinha pensamentos iguais a mim, como também, ideias melhores. “Deverias ter seguido a carreira no magistrado, creio que seria de bom proveito para você e talvez a uma futura família” –Dizia ele. Como bom amigo, ele sempre me incentiva a querer construir uma família. “- Oras! Um homem não é um homem completo se não tiver a quem sustentar.”
 Quando conheci Sherry, foi ali mesmo, naquela cafeteria. A primeira vez que a vi entrar por aquela porta vermelha, e escutei o tilintar do pequeno sino, que avisava a entrada de mais um cliente, enchi meus olhos! Que linda!
 - Então, esta ai! Vamos homem! Não demores a admirar uma obra, se não queres compra-la do que adianta apenas observar? Observar é para os críticos, paras os urubus. Toque-a, sinta-a, talvez assim Monalisa tivesse de fato alguma graça. Shakespeare morreu de desgosto porque não pôde tocar em Julieta!
 Bradou Candido em meus ouvidos, empurrando-me para que me levantasse e cortejasse a moça. Claro que não fiquei sentado, seria um “covarde”, iria ele criticar-me. Fui até ela, tremia como um Parkinson... Pensei que iria desmaiar. Muito exagero, eu sei, mas ela figurava algo divino, como as rosas, diria até que ela era a rainha de todas elas!
 Claro que essa parte da historia posso deixar para outro capitulo de minha memória, neste agora, digo apenas que esta cafeteria é especial para mim e para meus compatriotas, deposito nela as minhas melhores lembranças. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário