O Jogo do policial bonzinho e o malvado.
Imagino agora um interrogatório, uma típica sala com uma
mesa no centro e uma luminária, algemado na cadeira um homem baixinho e careca
tremia, enquanto um oficial sentado na outra cadeira o observava, então o
oficial aproximou o rosto na luz para que o réu visse seus olhos e o
interrogou:
-Vamos, quem esta por trás da morte do Sr. Thomas?
-Eu já disse que não sei! – Gritou o interrogado tremulo.
-Como não sabe? Você não viu o rosto do sujeito?
-Vi... Mas não sei quem é.
-Como alguém pode ser capaz de fazer um serviço desses para
uma pessoa desconhecida?
O homem ficou calado. David vendo que de nada lhe
arrancaria, recolheu o corpo para trás e observou o interrogado, sem perspectivas,
levantou-se e indo em direção a porta disse:
-Pois então, se não quer falar por bem, terá de falar por
mal.
O homem provavelmente sentiu-se apavorado, observou David
sair da sala; por um tempo escutou sussurros do lado de fora e depois imperou o
silencio. A luz que a luminária emitia era fraca, o cenário tinha aspecto
sombrio e agora o homem tremia mais do que antes. Então a porta se abriu e um
homem alto e de aparecia rústica adentrou na sala.
-Então... Você é o Sr. Edgar Mustaf Jr.? – Perguntou o
oficial que acabara de entrar.
O homem abaixou a cabeça e respondeu com voz baixa e rouca:
-Sim.
-Não ouvi direito. –Disse Nicolas olhando fixo para o
interrogado.
-Sim. –Disse o homem com o tom mais firme e alto.
-E você esta sendo acusado pela morte de um dos maiores
magnatas da cidade, certo?
-Sim senhor.
-E o senhor sabe que nós sabemos que você não fez isso
sozinho. Pois é dedutível que o senhor não tenha a capacidade mental para arquitetar
um crime tão intrigante. Afinal, por que alguém mataria o homem mais procurado
da cidade?
O oficial olhou para o homem e sentou-se na cadeira, provavelmente
pegou a luminária e apontou para o rosto do interrogado. O homem estreitou os
olhos e virou o rosto por causa da luminosidade.
-Vamos, diga! Um nome!
-Eu não sei, eu não sei! –Gritou o acusado por causa do
calor e a luz em seus olhos.
-Diga apenas um nome!
-Eu já disse que não sei!
Nicolas aproximou a luminária no rosto do interrogado.
-Um nome! Ele te deu um nome!
-Aaah! Droga, isso dói demais! Por favor...
-Pare de chorar, se continuar resistindo irei queimar suas
córneas!
-Sr. Herry! – Disse o homem gaguejando.
-O que? Eu não ouvi direto.
-Sr. Herry, S. Herry...
Este é o nome que me deram!
Nicolas abaixou a luminária, o homem estava suando e ainda
de olhos fechados.
-Todos o chamavam assim. – Completou o interrogado.
-Chegou a ver o rosto dele?
-Não... Usava uma mascara e uma capa preta, abaixou a
janela do carro e entregou-me o envelope que descrevia os planos para o crime.
-Ótimo. Espero nos vermos mais vezes Sr. Mustaf. – Deve ter
dito Nicolas sorrindo. Então ele levantou-se e saiu da sala. Do lado de fora da
sala David observava o interrogado por um vidro fume, sorrindo olhou para
Nicolas e disse:
-Eu jamais teria estomago para isso, você quase deixou
aquele homem cego.
-Eu tinha que arrancar alguma coisa dele, nem que fosse lhe
a visão.
-Sabe que pode ser expulso da corporação por isso?
-Não se pegarmos o mandante do crime. – Sorriram os dois.
-O que tem de bom para o fim de semana? –Deve ter perguntado Nicolas.
-Brendan disse que estamos convidados para uma festinha particular de
Charlie em sua mansão.
-Pois bem, nós iremos.
Esta é a cena da qual imagino ter ocorrido, se
bem conheço esses dois velhos amigos. Era de costume fazerem esses joguinhos do
policial bom e do policial mal, embora Nicolas não fosse mal de verdade, pois era
um homem pacato e bem humorado, carrasco mesmo era David, mas a inversão de
papéis em seus interrogatórios mostrava o quão eram eficientes esses dois
agentes. Agentes? Não sei se assim posso chama-los, diria que eram detetives,
investigavam crimes absurdos pela cidade, coisas inusitadas que envolviam um
bom mistério.
Conheci estes dois na faculdade de Direito, diferente dos almofadinhas,
como chamávamos a maioria da turma que eram filhos de homens de nome, nós tínhamos
um fascínio por romances policiais; Sherlock Holmes não era nosso forte, mas gostávamos
da ideia de que existia algum Doutor Moriarty pelo mundo a fora.
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