Em memória ao Sr. Thomas Clain.
Pensei em resumir ao máximo seus feitos honrosos e todas as
estórias e especulações a respeito de sua pessoa. Embora fosse um homem
considerado perigoso, seus atos perante a sociedade eram excepcionalmente
humanistas. Exercia seus direitos de cidadão comum, sem falar em suas artes de
bom samaritano. Uma vez, doou cerca de cinquenta e cinco mil libras esterlinas
para uma instituição de caridade no Condado de Orange. Foi um ato que
surpreendeu a todos e até mesmo as autoridades de todo o país.
Não obstante de seus outros favores prestados a sociedade, ele ainda ajudou os cofres da cidade em tempos de crise. A situação em que se encontrava juridicamente acabou se revertendo a seu favor.
Não obstante de seus outros favores prestados a sociedade, ele ainda ajudou os cofres da cidade em tempos de crise. A situação em que se encontrava juridicamente acabou se revertendo a seu favor.
Poderia dizer que tudo isso deveria ter sido uma jogada
incrível para dificultar o trabalho da promotoria nos tribunais, mas não é bem
o que parece. A meu ver, enquanto escrevia o artigo, refletindo melhor sobre os
atos impregnados a favor deste homem tão celebre e tão mafioso quanto um Dom
Corleoni, suas ações eram meramente de seu fetiche, eram naturais, sem fins
lucrativos ou creditos a sua pessoa. É um pouco confuso este lado bondoso de um
homem que matou tantos oficiais e demais envolvidos com a máfia.
Sei que no submundo apenas os envolvidos são afetados, às
vezes alguns civis devem ser eliminados por segurança, para mostrar respeito.
Mas de nada disso se utilizou o tão temido magnata agora assassinado. Soube que
é um desertor, sua família na Itália era muito rica, e talvez estivessem
envolvidos com o contra bando; o mercado negro e com outros tipos de crime. Daí
vem seu espírito morto de causar o caos em prol do controle. Foi convocado para
a guerra, e infelizmente não pode escapar, mas aproveitou uma marcha do qual a
tropa fazia em vias alemãs e escapou em um navio de carga que vinha para estas
bandas norte americanas. De pronto não chegou a Santa Ana, mas quando chegou já
estava quase dominando toda a cidade, não se sabe como.
Então agora, beirando os setenta e sete anos, veio a óbito
por meio de asfixia, segundo os legistas. O velho já estava doente, mas como
alguém o mataria assim? Por que? Se de nada lhe tinha para repassar, sua
fortuna agora pertence aos cofres públicos, até que alguém de sangue se
anuncie. Quem o mataria com tanta facilidade? E a troco de nada? Não é meu
trabalho perder a cabeça com isso, meus amigos estavam envolvidos no caso, por
tanto eu ficaria a par embora não tivesse nenhum interesse. Mas confesso que
enquanto escrevia o obituário, aquilo me intrigou.
Enfim, resumi toda a sua historia e mandei para o editor
chefe de O Tabloide. Após terminar minha escrita, fui até o café da Rua 78
encontrar-me com Katari e Mary. Ao que parece, seria apresentado ao tão falado
amigo intimo da Sra. Papa diplomas. Não estava ansioso, nem sentia nenhuma
expectativa para conhecer o novo otário que cairia nas garras de Mary. Ria por
dentro só de imaginar a cara do patife após alguns meses quando ela o deixar
depois que ganhar status. Deveras, encontraria minha namorada, mesmo não tendo
tanto fervor por ela quanto pela outra, agora noiva, eu me sinto bem ao seu
lado, tenho certa afeição que o tempo fez questão de enraizar enquanto minhas
lagrimas de amor platônico regavam esta arvore.
Peguei o bonde. Um homem galante sentou-se ao meu lado, não
o observei direito, carregava uma maleta de cor preta, parecia guardar
documentos importantes.
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