quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A monarquia das Rosas- Capitulo 2- Parte 2


 Em memória ao Sr. Thomas Clain.
 Pensei em resumir ao máximo seus feitos honrosos e todas as estórias e especulações a respeito de sua pessoa. Embora fosse um homem considerado perigoso, seus atos perante a sociedade eram excepcionalmente humanistas. Exercia seus direitos de cidadão comum, sem falar em suas artes de bom samaritano. Uma vez, doou cerca de cinquenta e cinco mil libras esterlinas para uma instituição de caridade no Condado de Orange. Foi um ato que surpreendeu a todos e até mesmo as autoridades de todo o país.
 Não obstante de seus outros favores prestados a sociedade, ele ainda ajudou os cofres da cidade em tempos de crise. A situação em que se encontrava juridicamente acabou se revertendo a seu favor.
 Poderia dizer que tudo isso deveria ter sido uma jogada incrível para dificultar o trabalho da promotoria nos tribunais, mas não é bem o que parece. A meu ver, enquanto escrevia o artigo, refletindo melhor sobre os atos impregnados a favor deste homem tão celebre e tão mafioso quanto um Dom Corleoni, suas ações eram meramente de seu fetiche, eram naturais, sem fins lucrativos ou creditos a sua pessoa. É um pouco confuso este lado bondoso de um homem que matou tantos oficiais e demais envolvidos com a máfia.
 Sei que no submundo apenas os envolvidos são afetados, às vezes alguns civis devem ser eliminados por segurança, para mostrar respeito. Mas de nada disso se utilizou o tão temido magnata agora assassinado. Soube que é um desertor, sua família na Itália era muito rica, e talvez estivessem envolvidos com o contra bando; o mercado negro e com outros tipos de crime. Daí vem seu espírito morto de causar o caos em prol do controle. Foi convocado para a guerra, e infelizmente não pode escapar, mas aproveitou uma marcha do qual a tropa fazia em vias alemãs e escapou em um navio de carga que vinha para estas bandas norte americanas. De pronto não chegou a Santa Ana, mas quando chegou já estava quase dominando toda a cidade, não se sabe como.
 Então agora, beirando os setenta e sete anos, veio a óbito por meio de asfixia, segundo os legistas. O velho já estava doente, mas como alguém o mataria assim? Por que? Se de nada lhe tinha para repassar, sua fortuna agora pertence aos cofres públicos, até que alguém de sangue se anuncie. Quem o mataria com tanta facilidade? E a troco de nada? Não é meu trabalho perder a cabeça com isso, meus amigos estavam envolvidos no caso, por tanto eu ficaria a par embora não tivesse nenhum interesse. Mas confesso que enquanto escrevia o obituário, aquilo me intrigou.
 Enfim, resumi toda a sua historia e mandei para o editor chefe de O Tabloide. Após terminar minha escrita, fui até o café da Rua 78 encontrar-me com Katari e Mary. Ao que parece, seria apresentado ao tão falado amigo intimo da Sra. Papa diplomas. Não estava ansioso, nem sentia nenhuma expectativa para conhecer o novo otário que cairia nas garras de Mary. Ria por dentro só de imaginar a cara do patife após alguns meses quando ela o deixar depois que ganhar status. Deveras, encontraria minha namorada, mesmo não tendo tanto fervor por ela quanto pela outra, agora noiva, eu me sinto bem ao seu lado, tenho certa afeição que o tempo fez questão de enraizar enquanto minhas lagrimas de amor platônico regavam esta arvore.  
 Peguei o bonde. Um homem galante sentou-se ao meu lado, não o observei direito, carregava uma maleta de cor preta, parecia guardar documentos importantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário