sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A monarquia das Rosas- Capitulo 2- Parte 1

Charlie
 Era uma sexta-feira à tarde pelos meados das quatro horas quando Charlie me ligou avisando sobre uma festa que iria acontecer em comemoração ao seu noivado com Sherry; dali para o momento em que iniciei meu romance com Katari se passaram cerca de um ano. Sentia pena de Katari por eu estar sentir ciúmes e ao mesmo tempo raiva daquela noticia que me deixava entorpecido em meu quarto.
  Os raios de um sol poente iluminavam-me por detrás enquanto eu estava ali, parado, sentado em minha cama ainda segurando o fone já mudo, ouvindo apenas o sonar da linha telefônica fechada. 
 O cigarro no cinzeiro ao lado do telefone ainda esfumaçava, era como meu coração, que mesmo já desgastado por este amor platônico ainda estava quente, ainda esfumaçava, ainda ardia. Foi quando liguei para David, contei-lhe da festa, oras, teríamos bebida de graça, mulheres! Charlie conhecia uma casta delas; seria meu contento da noite... Espere! O que estou pensando? Ainda estou com Katari. Ah... Nervos, me embaralham as cartas da mente esta loucura, quando será que a razão voltara de suas férias? Infelizmente não sei. –Assim pensava eu.
 Charlie, ai está um belo nome para se colocar em um filho. Viciado em drogas, magnata, herdeiro de uma fortuna quase inestimável, embora não fosse almofadinha, não mesmo. Este ai tinha culto por coisas interessantes, coisas do tipo alternativas; enquanto escutávamos Rock ele escutava Jazz, tinha um charme especial que atraia qualquer garota ingênua, mas logo a Sherry? Ela era culta em suas vestes de moça recatada, seu estilo circense, suas roupas fúnebres e seus olhos dissimulados, ela parece ter atitudes mais do que o próprio noivo. Como podem se casar? Logo ele que não consegue vomitar o rei na barriga, logo ele um charlatão sem escrúpulos, manipulador e falso! Droga, ela poderia escolher alguém melhor, alguém mais sério, que não vive de descasos. Charlie, quanta sorte para um homem tão vazio, possui tudo, a mulher dos meus sonhos, riqueza, fama e luxo. Até pretendo resumir mais a descrição deste ser, embora ele venha a me oferecer uma boa festa, não me vendo fácil.
 E ali estava eu deprimido, pensando sobre isso e aquilo, indagando sobre o que de especial Sherry viu neste homem cinzento. A noite se veio, eu ainda estava no quarto, deitado de bruços afundando-me em apenas uma lagrima, uma gota, era o que me permitia derramar por ela. Caso viessem mais gotas ei de conte-las.

 O telefone tocou, demorei a cair em si, quando dei conta de que alguém estava ligando atendi de pronto. Era Katari avisando que talvez não pudesse ir à festa do dia seguinte, contou-me que se sentiria mal estando na casa de Charlie, já que os dois tiveram um caso no passado. Tentei convencê-la, disse que agora ela estava comigo e que não havia motivos de guardarem magoas, ela se convenceu, mas pediu para que eu não a esperasse, pois iria chegar um pouco tarde por conta de outra festa de suas amigas da faculdade. Não me importei com a questão, concordei com as condições e pronto. Quando encerramos a conversa ela disse que me amava, fiz de desentendido, omiti a palavra e disse apenas um “também”, depois desligamos juntos.


 No dia seguinte já estava melhor das ideias, toda a frustração estava se curando, esperando o dia em que voltassem novamente. Na sexta tudo ocorreu como de costume, escrevi um obituário em memória ao falecido magnata Thomas Clain. Um italiano excêntrico que parecia exercer como já algo natural de seu povo, a máfia. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário