segunda-feira, 23 de julho de 2012

A monarquia das Rosas- Capitulo 1- Parte 2


 Um estranho fidalgo.

 A estação estava praticamente vazia, portanto, quase ninguém notara a chegada de um estranho homem que saia do trem das nove; seus trajes galantes anunciavam um perfil de um homem nobre, dotado de títulos e diplomas, homem pergaminhoso, isso mesmo, deveria possuir pergaminhos que lhe prescreviam títulos honrosos, o mais estranho é que ele carregava uma maleta, que tipo de maleta era, qual sua cor, o que ele carregava, não se sabe; apenas sabe-se que era um homem de boa aparência, e muito galante. Isto que estou relatando não faz parte de minha memória, afinal não o vi desembarcar, não o vi chegar à cafeteria de esquina da Rua 78.  Imaginei apenas, assim como a cena que irá se seguir.
 Mary chegou à cafeteria em prol de um convite de seu amante da qual lhe remetia as cartas. Escreveu para o homem por durante seis meses, lembrou que um dia conferindo as correspondências, uma carta estranha lhe dava parabéns por um aniversario que nem aconteceu, acompanhada da carta vinha um lindo ramalhete com tulipas africanas das cores branco e rosa; a jovem sensibilizada enviou uma carta ao remetente explicando que havia um engano, a carta que retornou dizia que mesmo que por engano ficaria ali as flores a perfuma-la para até seu aniversario, Mary sentiu-se encantada e desde então troca correspondências com seu amante secreto. Na ultima carta ele descrevia o traje do qual iria ao encontro, uma gravata azul escuro e um lenço amarelo no peito.
 Ao adentrar no recinto Mary procurou por entre os clientes o tal moço das vestes descritas, seu coração palpitava parecia sair lhe pela boca, era emocionante conhecer o seu trovador intimo; e como prometido lá estava ele, sua mala disposta no chão ao lado da cadeira e o lenço no bolso da frente de seu palito. Que lindo era a faceta do homem, um bigode curto com fios bem distribuídos, a impressão que dava-lhe era que aquele sim era um homem de diplomas e respeito. Ela conhecia bem aqueles que dispunham de títulos universitários, mas aquele parecia exalar o cheiro destes títulos. Mary papá diplomas iria atacar novamente.
 Aproximou-se da mesa, o homem levantou-se e sorriu, ela espontaneamente correspondeu ao sorriso, ele inclinou a cabeça e se apresentou formalmente, a jovem encantada deu lhe a mão ao beijo. Sentaram-se a mesa, ele fez um sinal para a atendente que sem demora veio até eles, deu-lhe o cardápio e ele repassou para Mary. Enquanto ela escolhia o pedido ele a observava, analisou seu jeito de ler, como segurava o cardápio e como movia os lábios lentamente enquanto lia. Então ela disse o pedido e ele novamente chamou a garçonete, fez os pedidos e entregou o cardápio.
- Como se chamas? –Deve ter indagado Mary. O homem respeitosamente disse lhe apenas o primeiro nome: Filipe. Pronunciava-se rapidamente, não soava como Felipe, o i era mais agudo. Ela perdendo-se na beleza do rapagão nem ao menos lembrou de indagar sobre o sobrenome, só de vista já estava apaixonada.

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