terça-feira, 19 de março de 2024

O poço, o cigarro e a chuva.

 

Desequilibrado em uma corda sólida onde apenas meus pés bambeiam. 

Em constante queda, não livre, preso em uma corrente que não se arrebenta, de frustrações que não me seguram. 

Sinto a dor de cair no poço sem fim, sinto o chão e o vazio, o vácuo em um espaço completamente preenchido que me sobra aos montes, transbordando para dentro de mim. 

Não sei se vou sair, se quero sair, se devo ao menos tentar ou desistir completamente. 

No fundo, neste fundo, tenho a grande chance de quebrar, mas meus ossos são feitos de borracha, e posso tudo apagar. 

Não vou me apagar por completo, como você fez, pobre garoto da terra da chuva. 

Talvez eu seja o seu velho cigarro, queimando aos poucos, ao menos uma chama acesa a iluminar o escuro, enquanto sacio a vontade do trago vicioso. 

Mas, a fumaça pode me salvar, subindo aos céus como um sinal. 

Se o vapor fizer Chover, apago-me, caso contrário, Verão.  

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