Este insano mundo que me devora pelas vísceras, quer-me a atenção o tempo todo, com seu bruto magnetismo terrestre.
Converte minha energia em matéria, oca e pintada de beleza. Mas, a chuva sempre revela seu verdadeiro objeto. E repele-me quando percebo sua crua natureza.
Atrai-me novamente, com mais força e intensidade. Dizendo:
-Veja! Olhe todas essas coisas belas, fique aqui. Há tanto a perder. Assista o mais novo, ouça a mais nova canção, adquira o revolucionário brinquedo de tirar tempo. Você precisa, você deseja.
Porém, as ondas sonoras comerciais, com suas marés, batem com força a rocha sólida e material, derrete a tinta e me revela o vazio.
Do que adianta querer atrair-me para tal, se tudo que pareceu-me sublime é um tanto distorcido. Maldita luz que reflete e faz com que tudo brilhe em ouro.
A minha mente quer voar, livre das correntes que prendem meu corpo.
A terra quer que eu fique, livre da mente que constantemente voa, sem posar, sem descansar suas asas.
Repele-me a ideia de não descansar, repele-me a ideia de me atrair.
Oh! Bruta atração mundana, tira de mim a ilusão, mas deixe-me com os sonhos.